A
sinceridade levada ao extremo pode ser considerada grosseria, mas é a mais pura
essência do ser humano. Lê-la é uma experiência de autoanálise muito interessante,
pois acabamos percebendo o quanto vamos nos emoldurando às convenções sociais
que nos são impostas diariamente.
“Desarranjo”,
livro de Marco Aurélio de Souza, não é uma obra para os fracos de espírito, é
uma torrente de excrementos jogados no ventilador a cada linha.
Esta autobiografia
ficcional é narrada por um personagem que vive diariamente frustrado com as
intempéries da vida, decorrentes de suas frustrações e introspecções críticas
constantes.
Essas
indagações do seu próprio comportamento e dos que estão à sua volta, são tratadas
de maneira muito peculiar, sem papas na língua, sem clichês de um romance
literário típico, e isso, torna “Desarranjo” tão interessante.
Além
do nome do livro fazer alusão aos dejetos excretados pelo ser humano, a capa do
livro mostra um rolo de papel higiênico em seu fim. Tal simbolismo, nem sempre é
analogia à “merda”, mas literalidade.
Entretanto,
as fortes mensagens desta narrativa, são sobre as coisas que deixamos de falar por
educação, ou preguiça de se indispor; dos relacionamentos frustrantes pelos quais
passamos no decorrer da vida; nas escolhas profissionais que, nem sempre,
correspondem aos anseios de realização e lucratividade; entre tantas outras “merdas”
que nos acontecem, além das que deixamos de externar quando confrontados ou
frustrados.
Por
fim, interessante analisar que os recortes realísticos trazidos à tona nessa
história, mostram o quanto o ser humano passa por mudanças de pensamento,
podendo ser considerado até contraditório, incoerente e hipócrita. Mas o que
seria de nós sem o lado ruim/ inverso da vida? Sem isso nunca saberíamos o que
realmente pode ser bom.
Mais uma vez a Editora Penalux acerta em uma publicação, pois ela se mostra extremamente original e envolvente, com o capricho e zelo na formatação/ diagramação que lhe é de praxe.
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