terça-feira, 3 de novembro de 2020

Minhas impressões do livro: O plano

 

Nem tudo é o que parece. Por mais que essa afirmação pareça óbvia, enganar-se é um fato corriqueiro inerente a condição falha do ser humano. Por isso, uma leitura extremamente libertadora é aquela que desperta um poder de reflexão, que de forma impactante pode ser constatado ao ler “O Plano”, livro incrível da escritora Agda Theisen.

O intuito dessa resenha não é a de trazer um compilado de spoilers sobre a obra acima mencionada, mas a de externar a incrível sensação de ler um enredo que cresce assustadoramente durante o desenrolar dos fatos.

Inicialmente é fundamental mencionar a figura de Zeca, um jovem rapaz com muitos conflitos internos, que acabam por refletir em sua vida e felicidade. Contudo, seu caráter ilibado o torna um personagem digno de admiração e identificação. A exemplo disso, o personagem tem uma carreira acadêmica interrompida na medicina, o que aponta uma série de reflexões sobre a pressão que muitos sofrem ao escolher um caminho profissional e a cobrança de se verem felizes nela.

De pronto, ao passar pelas primeiras páginas, o mistério da morte misteriosa de um homem nos faz ficar imersos em uma teia de pensamentos em busca de uma resolução plausível. No entanto, ao descobrirmos, percebemos o quão terrível pode ser a mente maquiavélica do homem, capaz de comercializar órgãos humanos (pobres e crianças) em prol de benefício monetário para viabilizar um plano terrível de poder político.

Infelizmente, os acontecimentos terríveis contados não são exclusividade de um enredo criativo, são de fatos que já aconteceram por diversas vezes no decorrer da história da humanidade, como no período que prevaleceram os absurdos do nazismo, bem como nos casos que comumente são veiculados na mídia. Despertando assim, a visão crítica de ideologias políticas que conversem com qualquer tipo de segregação, mostrando que um pequeno discurso pode reverberar de forma significativa no futuro.

Outra reflexão trazida à baila pela obra, é a maneira que podemos enfrentar as grandes barreiras das desigualdades sociais enfrentadas pelo Brasil? Em resposta a esse questionamento, podemos dizer “todas”, menos aquelas apontadas pelo grande vilão dessa trama, haja vista que este defendia a morte e exclusão dos “diferentes” e mais pobres.

A capacidade da autora em criar toda uma organização do esquema criminoso que permeia a trama é digno de muitas homenagens. Somente uma mente dotada de muita criatividade e talento poderia desenvolver um sistema tão elaborado. Além do que, o desfecho não deixa nada a desejar, haja vista as grandes supresas observadas.

E nessa toada de introspecções, a mensagem central da obra que fica marcada no íntimo do leitor, ao meu ver, é a de que devemos optar por fazer a coisa certa sempre, mesmo que ninguém esteja vendo, mesmo que a consequência inicialmente pareça ruim. O Certo é sempre o certo a ser feito.

Digno de uma adaptação para cinema ou série de televisão, “O Plano” é um livro de grande qualidade, que tem a característica dos bons livros: a de prender o indivíduo do início ao fim. Portanto, mais uma vez, a Editora Penalux sai na frente com mais essa publicação de peso em seu acervo. 

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