segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Minhas impressões do livro: Roda-Gigante.

Já consumiu uma sopa extremamente quente? Incialmente se pode até queimar a língua, pois a alta temperatura impede a degustação do alimento de forma imediata. Mas se, aos poucos, com a devida paciência, de sopro em sopro esperar mornar, o verdadeiro sabor aparecerá. Assim se faz a leitura de um livro de poesia, sem pressa, buscando sentir o sabor do autoconhecimento.

A poesia está além da mera conjunção de palavras, ela é o extrato da mente do poeta. Não há como desfrutar de uma obra como “Roda-Gigante”, sem refletir a cada linha, a cada estrofe. O poeta Rique Ferrári, mostra a essência da vida a cada inspiração externada em linhas.

O título tem uma ligação direta com o conteúdo deste belo livro, uma analogia que nos leva a uma introspecção muito profunda logo de início. Já na ilustração de capa têm alguns homens em uma roda-gigante, nas mais diferentes idades e alturas do grande brinquedo. Com isso, abriu em mim um questionamento sobre as mais diversas fases, de altos e baixos, que enfrentamos no decorrer de nossa caminhada pela estrada da vida.

Interessante e muito importante salientar os títulos dos capítulos principais, que são: “Linha de Partida”, “Linha de chegada” e “Oroboros”. O olhar artístico de Ferrári sobre o ciclo da vida fica evidente, pois a linha de partida pode ser representada pelo início da busca pelos nossos sonhos e objetivos, já a linha de chegada seria a conquista dessas metas, mas quando falamos de oroboros, vem à tona a imagem insaciável do ser humano que sempre está em busca de algo.

Neste livro, uma linguagem acessível e tocante são marcas do autor, destacando uma preocupação em tocar corações com a sua mais bela expressão de arte, não em jogar páginas fora com erudições vazias e egocêntricas. E como dito inicialmente, uma obra para ser lida como se come uma sopa quente, aos poucos. 

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