Já consumiu
uma sopa extremamente quente? Incialmente se pode até queimar a língua, pois a
alta temperatura impede a degustação do alimento de forma imediata. Mas se, aos
poucos, com a devida paciência, de sopro em sopro esperar mornar, o verdadeiro
sabor aparecerá. Assim se faz a leitura de um livro de poesia, sem pressa, buscando
sentir o sabor do autoconhecimento.
A
poesia está além da mera conjunção de palavras, ela é o extrato da mente do
poeta. Não há como desfrutar de uma obra como “Roda-Gigante”, sem refletir a
cada linha, a cada estrofe. O poeta Rique Ferrári, mostra a essência da vida a
cada inspiração externada em linhas.
O
título tem uma ligação direta com o conteúdo deste belo livro, uma analogia que
nos leva a uma introspecção muito profunda logo de início. Já na ilustração de
capa têm alguns homens em uma roda-gigante, nas mais diferentes idades e alturas
do grande brinquedo. Com isso, abriu em mim um questionamento sobre as mais
diversas fases, de altos e baixos, que enfrentamos no decorrer de nossa
caminhada pela estrada da vida.
Interessante
e muito importante salientar os títulos dos capítulos principais, que são: “Linha
de Partida”, “Linha de chegada” e “Oroboros”. O olhar artístico de Ferrári
sobre o ciclo da vida fica evidente, pois a linha de partida pode ser
representada pelo início da busca pelos nossos sonhos e objetivos, já a linha
de chegada seria a conquista dessas metas, mas quando falamos de oroboros, vem à
tona a imagem insaciável do ser humano que sempre está em busca de algo.
Neste livro,
uma linguagem acessível e tocante são marcas do autor, destacando uma
preocupação em tocar corações com a sua mais bela expressão de arte, não em
jogar páginas fora com erudições vazias e egocêntricas. E como dito
inicialmente, uma obra para ser lida como se come uma sopa quente, aos poucos.
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