segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Minhas impressões do livro: Marcados pela luta

Quanta dor a alma de um ser humano é capaz de suportar? A necessidade diária de se levantar e, mesmo sem vontade, ter que prosseguir, é chamada por muitos de resiliência. Contudo, nomenclaturas são tão irrelevantes quando a necessidade e a dor imposta pela vida não deixam outra alternativa a não ser seguir, não se sabe se em frente, mas seguir o duro caminho que é viver.

Uma obra extremamente tocante, dolorosa e realista, assim defino em poucas palavras o magnífico livro “Marcados pela Luta”, de Marcos Zanon. Que consegue sintetizar com maestria a nobre arte de transformar em palavras o espetáculo da vida humana. Sensível ao ponto de não dar uma personalidade clichê a um personagem, construindo no decorrer dos capítulos a justificativa dos moldes do caráter cada um.

Se emocionar a cada página é inevitável, trazendo reflexões profundas sobre os fatos que nos levam a ser quem somos. Inicialmente, vemos a figura de um avô rígido com seu neto, mas o homem cansado por uma vida carregada de muito trabalho e sofrimento, apenas queria evitar o mesmo destino para o pequeno neto. Quando é narrada a dura infância desse senhor em uma miserável vida de abusos, fome e privações, repensamos suas atitudes e começamos a nos colocar em seu lugar. Talvez seja isso que falte nos dias atuais, mais empatia pelo próximo.

Algo que mexe com a estabilidade emocional do leitor são as perdas de entes queridos, seja pela morte, seja em vida. No primeiro caso, a dor causada pelo falecimento é acentuada quando pais lamentam, quase em gemidos, a partida daquele filho que tanto desgosto lhes deu. A companheira de tantos anos que repentinamente deixa esse mundo. Aquele avô companheiro, e que no último dia de vida, lhe dá um abraço como se soubesse de sua hora.

No que tange a perda em vida, pode se vislumbrar o processo de amadurecimento que todo ser humano passa na adolescência, onde se está disposto a loucuras por um amor, que muita das vezes, só existe no mundo platônico das ideias. Outro caso de perda em vida, é a valorização de quem tudo fez pelo outro, mas que só foi percebido quando já era tarde demais. Portanto, reflexões profundas se edificam a frente daqueles que se debruçam sobre essa obra tão ímpar.

E por fim, algumas lições podem ser extraídas dessa história, como: o ser humano tem um limite que deve ser respeitado, mesmo com a vida sendo marcada por tantas adversidades; e de que cada pessoa carrega consigo uma trajetória que deve ser levada em consideração, como base de uma sociedade plural em pensamentos e opiniões.


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