A infância é uma época que nos lembramos com muito carinho, pois as
histórias que ouvimos nesse período tinham um sabor muito diferente. Acredito
que seja pela pureza do coração que recebe todo tipo de informação sem
questionar, permitindo uma melhor fluidez na absorção de cada evento. Essa amarração inicial é necessária, visto que a obra que será
ilustrada logo mais adiante, se trata de uma série de contos magníficos,
contados por um "velho". Sim, um "velho" contador de
histórias, que encanta as crianças ao seu redor com relatos das mais incríveis
experiências que jura ter vivido.
O que torna esse livro tão envolvente é a maneira que a narrativa nos é
apresentada, fugindo do modo convencional em que um compilado de contos são
aglutinados em um livro. Em 'Histórias do Velho', temos a figura desse senhor
misterioso que consegue conquistar o interesse dos jovens por suas incríveis e
inacreditáveis histórias. Interessante observar a reação dos infantes após
ouvirem o relato do senhor, bem como a expectativa deles sobre o próximo, fazendo
com que esse livro de contos se torne uma única história, mesmo com episódios
tão diferentes a cada capítulo.
Em um conto incrível acontece algo muito interessante conosco. Nos
indagamos se acontecimentos sobrenaturais afligiram cruelmente uma mulher, ou
se tudo não seria fruto da sua mente perturbada pela esquizofrenia. Fato é que,
o terror junto aos requintes de crueldade, tornam essa parte assustadora,
independentemente da fonte, seja mental ou espiritual. Com isso, o leitor se
prende ao texto, percorrendo os olhos pelas páginas, em busca de algum detalhe
que fundamente uma linha de raciocínio criada no decorrer dos fatos.
Indispensável mencionar a capacidade que Müller Barone, autor do livro,
tem na construção de seus personagens. Como é o caso da história das Gárgulas,
em que toda uma fundamentação histórica foi criada para impactar o leitor no
momento de seu desfecho. Fundamental apontar a linda mensagem que fica
subentendida, sobre quem nos tornamos quando guardamos tantas coisas ruins vindas
de outrem. Tal maneira de escrever reforça que boas histórias
não precisam ser necessariamente prolixas.
Portanto,
é muito prudente ter essa linda obra por perto, seja em uma viagem, na cama
antes de dormir, em uma rede ao relaxar, ou em qualquer outro lugar destinado a
leitura. Esse livro tem a capacidade de nos transportar para longe, mesmo em um
momento de mobilidade restrita. Mais uma vez a editora Penalux conseguiu
publicar uma preciosidade literária, o que já é sua especialidade.
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