
‘O
Chão de Outra Casa’, escrito por Edgar Costa Neto, mostra um constante entrelace
de vidas, seja pelo envolvimento direto ou indireto de pessoas, seja pelo
paradoxo criado durante a história, através da narrativa de uma escritora, que
tenta externalizar seus sentimentos através de sua obra.
Casamentos
desgastados e o surgimento de antigos amores. Traições justificadas pelo
tratamento indiferente e monótono de relacionamentos frustrantes. Das
coincidências causadas pelo destino. Do passado que reflete o futuro mais do
que imaginamos. A guerra de egos feridos. Enfim, uma obra focada no ser comum,
mas de enredo fenomenal.
Rodrigo
e Renata sustentam um casamento sem tesão, amor, empatia. Pedro, alguém perdido
interiormente, talvez em busca de outra pessoa que o cuide como sua mãe,
encontra Renata, sua velha amiga com quem acaba tendo um caso. Esta por sua
vez, se separa de seu marido para viver essa aventura. Rodrigo, materialista e
superficial busca preencher um vazio existencial na boa forma física e no dinheiro.
Já o pai de Renata, Moacir, casado com uma mulher doente, em estado vegetativo,
vive o dilema de suas necessidades fisiológicas.
Concomitante
ao citado acima, um artifício extremamente interessante e inteligente utilizado
pelo autor, foi o sistema de transição temporal de um parágrafo a outro. É como
se estivéssemos revisitando a memória de alguém. Com isso, a diversidade dos
personagens e o tráfego destes em tempos diferentes, fortalece os traços de
personalidade, mas desconstrói conceitos que concebemos antes do desfecho.
Mais
que um livro, é uma experiência. A cada página que passa é como uma novela que surge
em nossa mente, provocando vários questionamentos morais e éticos, mostrando a vida
como ela é.
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