
Em uma
mistura perfeita nasceu ‘O Vendedor de Chuva’, de Fred Vidal. Mistura essa
composta pela exposição da vida sofrida do povo nordestino, castigado pela seca
e escassez de alimentos, com a linguagem poética e única do autor, além de que,
este fugiu completamente dos clichês quando no decorrer dos fatos.
Já no
primeiro capítulo uma tragédia cai sobre uma família do sertão, pois o lar é
despedaçado pela maldade humana, externalizada por capangas que desconhecem
conceitos como humanidade ou misericórdia. Aquele seio familiar é desfeito com
crueldade, abusos e muito sangue.
Não há
tempo para se ter dúvidas quanto a qualidade da obra, não há tempo para colocar
em xeque se aquele livro valerá a pena de ser lido ou não, porque a cada linha
há um aperto no coração, na busca para se descobrir o desenrolar dos próximos
fatos.
No
meio de um familicídio, a criança que também era alvo dos assassinos consegue
fugir, mas a dor que corrói sua alma o acompanha, a imensa dor de ter visto seus
familiares vilipendiados. E essa dor é transmitida com potência pelo escritor,
já que uma celeuma de pensamentos aflige aquele que lê, não sendo algo necessariamente
ruim, pois mexer com o coração do leitor é obra para poucos no meio da
literatura.
O
menino cresce e vira um homem, um adulto com sede de vingança, disposto a
vender a própria alma para se saciar. E foi o que ele fez. Em acordo com o diabo,
teve seu corpo fechado para os revides dos inimigos, partindo então, com
orientação das trevas, rumo a satisfação de seu maior desejo.
Os
requintes de crueldade nas vinganças, são dignos daqueles filmes de horror, dos
mais pesados. Mas é na sua última vingança que entendemos o título do livro, já
que para alcançar seu objetivo, fez cessar por anos a chuva em uma pequena
cidade nordestina. Imperando ali a seca e completa desolação. Mas como acabar
com isso? Comprando a chuva. Quanto custaria? Sangue e mais sangue, sangue
inocente.
Difícil
explicar como que, harmoniosamente, juntou-se em uma só história a poesia, o
horror, a ficção, realidades vividas no interior brasileiro, bem como um enredo
de início, meio e fim. Mas o fato é, é possível, e isso pode ser visto em ‘O
Vendedor de Chuva’. Muito obrigado Editora Penalux.
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