quarta-feira, 4 de março de 2020

Minhas impressões do livro: O Vendedor de Chuva.


Há quanto tempo que não me sentia tão imerso em uma história? Realmente não me lembro. Por vezes tive que decidir se respirava ou lia, pois no êxtase da narrativa era impossível realizar as duas tarefas.

Em uma mistura perfeita nasceu ‘O Vendedor de Chuva’, de Fred Vidal. Mistura essa composta pela exposição da vida sofrida do povo nordestino, castigado pela seca e escassez de alimentos, com a linguagem poética e única do autor, além de que, este fugiu completamente dos clichês quando no decorrer dos fatos.

Já no primeiro capítulo uma tragédia cai sobre uma família do sertão, pois o lar é despedaçado pela maldade humana, externalizada por capangas que desconhecem conceitos como humanidade ou misericórdia. Aquele seio familiar é desfeito com crueldade, abusos e muito sangue.

Não há tempo para se ter dúvidas quanto a qualidade da obra, não há tempo para colocar em xeque se aquele livro valerá a pena de ser lido ou não, porque a cada linha há um aperto no coração, na busca para se descobrir o desenrolar dos próximos fatos.

No meio de um familicídio, a criança que também era alvo dos assassinos consegue fugir, mas a dor que corrói sua alma o acompanha, a imensa dor de ter visto seus familiares vilipendiados. E essa dor é transmitida com potência pelo escritor, já que uma celeuma de pensamentos aflige aquele que lê, não sendo algo necessariamente ruim, pois mexer com o coração do leitor é obra para poucos no meio da literatura.

O menino cresce e vira um homem, um adulto com sede de vingança, disposto a vender a própria alma para se saciar. E foi o que ele fez. Em acordo com o diabo, teve seu corpo fechado para os revides dos inimigos, partindo então, com orientação das trevas, rumo a satisfação de seu maior desejo.

Os requintes de crueldade nas vinganças, são dignos daqueles filmes de horror, dos mais pesados. Mas é na sua última vingança que entendemos o título do livro, já que para alcançar seu objetivo, fez cessar por anos a chuva em uma pequena cidade nordestina. Imperando ali a seca e completa desolação. Mas como acabar com isso? Comprando a chuva. Quanto custaria? Sangue e mais sangue, sangue inocente.

Difícil explicar como que, harmoniosamente, juntou-se em uma só história a poesia, o horror, a ficção, realidades vividas no interior brasileiro, bem como um enredo de início, meio e fim. Mas o fato é, é possível, e isso pode ser visto em ‘O Vendedor de Chuva’. Muito obrigado Editora Penalux.

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