terça-feira, 10 de setembro de 2019

Minhas impressões do livro: Cacos de vidro e carne moída.


Um livro de contos da realidade, desde vinganças do crime organizado à política de um sindicato de estivadores. ‘Cacos de vidro e carne moída’, nos mostra as mais diversas realidades encontradas nas bolhas da sociedade.

Por vezes, me senti em um seriado televisivo, alguns momentos em um curta-metragem, sendo assim, a função teleológica desta obra foi cumprida a partir do momento que me senti submerso à leitura, de modo que não consegui parar.

Neste livro, o escritor Vitor Camargo de Melo traz 12 contos, dos quais não se foge da realidade dos fatos conhecidos comumente. Acredito que seja por isso que o autor obtém tanto êxito em sua criação, pois é muito comum encontrar compilados de contos cheios de invencionices aleatórias, que por muita das vezes, direcionam a obra para o público infanto-juvenil, mas isso não ocorre nesse caso, pois o que torna esse livro tão interessante é a familiaridade que nos deparamos nas situações vividas pelos personagens.

A ambientação é ponto crucial, responsável pela imersão dos leitores, não deixando a desejar em nada neste caso. Exemplo disso é perceptível em contos como ‘A arte de pisar com força as pedras do cais’, nele é possível sentir a tensão dos momentos que antecedem a greve dos operários daquele porto, o suor que escorre pela testa do trabalhador tenso pela iminência do embate, o estilo dos navios que por ali navegam, entre tantos outros detalhes trazidos. Mas esse conto que lhes menciono não está introduzido em um calhamaço de centenas de páginas enfadonhas, mas em poucas laudas, mostrando o talento e poder de síntese de quem escreveu. Aí se pode perceber o motivo que levou o autor a premiações tão importantes, como o ‘Prêmio Sesc de Contos Machado de Assis 2017’.

Posso dizer que é uma leitura adulta, profunda, envolvente e forte. Qualidades que, mais uma vez, mostram a grande capacidade da literatura nacional chegar a proporções mundiais, como tantos outros que chegam de países estrangeiros até nós.

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