Uma narrativa franca e direta. Creio que esses são os fatores preponderantes na apreensão inicial a cada página que segue. Tentarei não ser piegas, no entanto, é uma característica minha querer expressar aquilo que senti através de palavras, ainda mais quando termino de ler uma obra sensacional como essa.
A
história começa contextualizada em uma pequena cidade, onde vive um rapaz que
ali nasceu, se desenvolveu, formou-se e trabalha como promotor de justiça,
atuando no tribunal do júri daquela localidade.
Ocorre
que em mais um dia comum de trabalho, o promotor se depara com um caso que
seria apenas mais um em seu histórico, se não fosse pelo fato de o acusado ter sido
seu amigo de infância. Fazia mais de trinta anos que não se viam, com isso não
poderia alegar um impedimento na atuação daquele julgamento. Mas lembranças iam
surgindo a cada instante, tornando a situação cada vez mais complexa para o
fiscal da lei.
Creio
que para um discente do Direito como eu, ler as pequenas críticas feitas de uma
forma precisa, como: “Melhor é deixar isso para os colegas dos Direitos
Humanos. Para ser bom no júri, tem que ser forte, seco, tem que dar tapa na
mesa e falar duro.” Deixa claro que o personagem não é um robô, por mais
que seu papel tivesse que ser cumprido naquele momento, se sentia incomodado
com as desigualdades de uma sociedade tão flagelada.
Quando
o autor tem a sensibilidade de narrar as mais diversas faces daquela cidade,
ilustrando a narrativa com a vida confortável na qual o personagem principal
cresceu, junto com as favelas e características daqueles que ali residem, percebo
que é nesse momento que mergulhamos com mais profundidade no que é contado. Sens,
tem esse dom de descrever locais sem nos deixar entediados ou cansados, isso é
para poucos.
Existe
uma tensão muito grande durante o julgamento, mas com o decorrer da leitura, a
motivação desse sentimento vai mudando. Quando nos damos conta, não queremos
mais saber se o réu é realmente culpado ou não, mas a reflexão trazida é se aquele
homem acusado era tão diferente de seu acusador. E nesse sentido grandes
revelações são feitas.
Fui inundado
com uma celeuma de questionamentos internos, pelo peso reflexivo de cada
palavra lida. Algumas dessas reflexões são: de que precisamos olhar o próximo
com mais empatia, humanidade e amor, pois não sabemos os reais motivos que
levam pessoas a determinados caminhos; de que todos cometemos erros nas mais diferentes
proporções e temos nossos segredos, por isso não somos tão diferentes uns dos
outros.
E por
fim, a maior reflexão trazida a minha mente, foi de que o título ‘De Quando Éramos
Iguais’, vai muito além daqueles dois meninos vivendo em condições socioeconômicas
tão distintas, conseguindo brincar das mesmas coisas, convivendo em harmonia. Mas,
se realmente com o passar do tempo eles se tornaram pessoas tão diferentes assim.
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