quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Minhas impressões do livro: De quando éramos iguas



Uma narrativa franca e direta. Creio que esses são os fatores preponderantes na apreensão inicial a cada página que segue. Tentarei não ser piegas, no entanto, é uma característica minha querer expressar aquilo que senti através de palavras, ainda mais quando termino de ler uma obra sensacional como essa.

A história começa contextualizada em uma pequena cidade, onde vive um rapaz que ali nasceu, se desenvolveu, formou-se e trabalha como promotor de justiça, atuando no tribunal do júri daquela localidade.

Ocorre que em mais um dia comum de trabalho, o promotor se depara com um caso que seria apenas mais um em seu histórico, se não fosse pelo fato de o acusado ter sido seu amigo de infância. Fazia mais de trinta anos que não se viam, com isso não poderia alegar um impedimento na atuação daquele julgamento. Mas lembranças iam surgindo a cada instante, tornando a situação cada vez mais complexa para o fiscal da lei.

Creio que para um discente do Direito como eu, ler as pequenas críticas feitas de uma forma precisa, como: “Melhor é deixar isso para os colegas dos Direitos Humanos. Para ser bom no júri, tem que ser forte, seco, tem que dar tapa na mesa e falar duro.” Deixa claro que o personagem não é um robô, por mais que seu papel tivesse que ser cumprido naquele momento, se sentia incomodado com as desigualdades de uma sociedade tão flagelada.

Quando o autor tem a sensibilidade de narrar as mais diversas faces daquela cidade, ilustrando a narrativa com a vida confortável na qual o personagem principal cresceu, junto com as favelas e características daqueles que ali residem, percebo que é nesse momento que mergulhamos com mais profundidade no que é contado. Sens, tem esse dom de descrever locais sem nos deixar entediados ou cansados, isso é para poucos.

Existe uma tensão muito grande durante o julgamento, mas com o decorrer da leitura, a motivação desse sentimento vai mudando. Quando nos damos conta, não queremos mais saber se o réu é realmente culpado ou não, mas a reflexão trazida é se aquele homem acusado era tão diferente de seu acusador. E nesse sentido grandes revelações são feitas.

Fui inundado com uma celeuma de questionamentos internos, pelo peso reflexivo de cada palavra lida. Algumas dessas reflexões são: de que precisamos olhar o próximo com mais empatia, humanidade e amor, pois não sabemos os reais motivos que levam pessoas a determinados caminhos; de que todos cometemos erros nas mais diferentes proporções e temos nossos segredos, por isso não somos tão diferentes uns dos outros.

E por fim, a maior reflexão trazida a minha mente, foi de que o título ‘De Quando Éramos Iguais’, vai muito além daqueles dois meninos vivendo em condições socioeconômicas tão distintas, conseguindo brincar das mesmas coisas, convivendo em harmonia. Mas, se realmente com o passar do tempo eles se tornaram pessoas tão diferentes assim.

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