segunda-feira, 13 de maio de 2019

Minhas impressões do livro: Domingo é dia de morrer.

Creio que uma das coisas mais incríveis na literatura, é de que com ela podemos desenvolver um pensamento crítico sobre diversos assuntos, desde os mais simples aos mais controversos, como a religião. 

José Valdemar de Oliveira, traz em ‘Domingo é Dia de Morrer’ um compilado de histórias onde a religiosidade é tratada sob os prismas mais diversos. A hermenêutica nem sempre é fácil de ser realizada, pois sempre que há um assunto delicado teremos os mais diversos posicionamentos eivados de sentimentos desenvolvidos no decorrer da vida, seja pela tradição familiar ou mesmo pela simpatia de determinada área, que a fez decidir por seguir certo dogma. 

De maneira sensível, a primeira história do livro, mostra um diálogo entre duas pessoas totalmente opostas. Uma com um pensamento mais imediatista, onde os prazeres da vida são almejados para sua pronta satisfação. É de se analisar que através desse argumento podemos enxergar a célebre frase de que “a vida é uma só” ou “só se vive uma vez”. Já o segundo personagem é enfático em dizer que o ser humano é eterno, dá a ideia de que a vida é apenas um breve momento do qual estamos todos passando por aqui, no entanto, deixa de viver todos os possíveis prazeres que a vida pode proporcionar por conta dessas expectativas, chamando de “bestialidades” qualquer tipo de prazer. 

O exemplo supra nos mostra essa dicotomia tão presente em nossa sociedade, aqueles que acreditam naquilo que está por vir, e por isso deixam de viver uma vida cheia das mais diversas experiências, em detrimento de uma “vida eterna”. Por outro lado, vemos aqueles sem nenhum tipo de espiritualidade, o que nem sempre está ligado a religiosidade, vivendo como se não houvesse amanhã, algumas vezes até de forma irresponsável. O que me leva a pensar algo que de uns anos para cá sempre povoou minha mente, de que qualquer lado absoluto e extremista e nocivo para nossa existência. 

Claro que essa é minha interpretação, mas por óbvio que com uma análise de pessoas com as mais diversas experiências de vida pode-se chegar a conclusões divergentes. No entanto, o que fica explícito é a capacidade que o autor tem de nos fazer analisar de forma analógica as condições psicológicas do ser humano, decorrentes de pensamentos desenvolvidos através da religiosidade. 

Mais uma vez a Editora Penalux me surpreende com uma obra tão profunda. O que fortalece a minha crença de que precisamos fortalecer o mercado nacional da literatura. Para assim criar uma cultura de que os autores nacionais são tão capazes e talentosos como qualquer outro estrangeiro.

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